top of page
Paulo Diógenes

O sorriso de quem dedicou a vida a fazer os outros sorrirem

Uma entrevista que poderia ser transformada em peça de teatro sobre a vida de um artista que hoje se sente realizado

Texto/ vídeo/ fotos: Lylla Lima - 7° semestre

De conversa boa e sempre com uma piada no meio da frase, o personagem é daqueles que você conversa por horas. Paulo Diógenes, 54 anos, humorista, ator, diretor e vereador da quinta maior capital do país, tem uma história de vida cheia de começos e recomeços.

 

Paulo Diógenes nasceu no Rio de Janeiro, mas veio morar no Ceará ainda pequeno. “Nasci no Rio só para ser diferente”, brinca. Bastam poucos minutos de conversa para perceber que foi o Ceará, terra de grandes humoristas, que escolheu Paulo para ser seu filho. Na infância, sempre ia passar as férias no interior do Ceará, em Jaguaribe, com os irmãos e primos. É de lá que ele tem as melhores recordações dessa primeira fase da vida. Era uma criança que gostava de música, dança e teatro, coisas que, na época, eram consideradas femininas demais, e, por isso, não recebeu incentivo.

 

Quando jovem, conseguiu o primeiro emprego no BEC (Banco do Estado do Ceará). Ali começou a vida profissional, mas sempre soube que não era aquilo que queria pra o resto da vida. Em 1978, largou o emprego no banco e decidiu recomeçar sua vida. Escolheu viver do humor, queria está em cima dos palcos. O ator diz que já nasceu artista. “Meu primeiro dia de artista foi o meu primeiro dia de vida.” E, com essa certeza, sem planejar muito, começou a se apresentar em grupos de teatro.

 

Diógenes foi um dos primeiros humoristas a se apresentar em bares de Fortaleza, o que hoje é muito comum. Junto com Falcão, Rossicleia, Skolástica, Neidinha e vários outros humoristas, eles transformaram o cenário do humor e viraram símbolos vivos de cultura no estado. Arrancou muitos sorrisos por onde passou; os primeiros que recorda foi dos familiares. Seu personagem mais conhecido, a Raimundinha, demorou 10 anos para nascer. Paulo diz que ela ganhou seus primeiros traços quando ele interpretou no teatro uma mãe que queria transformar a filha “crente” em “striper”. Dali em diante foi um processo de amadurecimento e muita observação.

 

Raimundinha virou sucesso e o personagem começou a ser conhecido nacionalmente. O reconhecimento veio depois que Paulo foi convidado a participar de programas na TV. A primeira aparição foi no programa dos Trapalhões, depois teve um programa na TV Diário, trabalhou na TV Record etc. A TV sempre foi sua segunda casa. Mas, como tudo tem seus altos e baixos, o artista desabafa que sua primeira decepção no humor foi a falta de apoio cultural. Perdeu muitas oportunidades por falta de patrocínio.

 

Diógenes passou por uma fase na vida que evita falar. Ressurgiu das cinzas, porém, mais forte e tomou a decisão de seguir carreira política, mesma que seu pai, ex-deputado estadual Osmar Diógenes, depois que abriu uma clinica de recuperação para pessoas dependentes químicas e foi muito elogiado na época. Assim, candidatou-se a vereador e foi eleito com 3.858 votos. Como proposta, lutar pelos direitos dos homossexuais e auxiliar quem passa pelo mesmo que ele passou nas drogas. Na sua primeira vez como politico ficou nervoso, pois não estava acostumado a falar em público sem maquiagem.

Em 2014 o vereador virou notícia ao se casar com o empresário Tarcísio Rocha. “Depois de anos vivendo com medo do preconceito alheio, com medo do julgamento dos outros, eu decidi que era a minha hora de viver e ser feliz.” Para o humorista, a exposição da vida pessoal foi positiva, pois ajudou muita gente a tomar coragem e se casar. E, com esse pensamento e muito amor, criou o projeto do Casamento Coletivo Homoafetivo, para ajudar as pessoas a realizarem o sonho de se casar, e para quem não tem como arcar financeiramente com o casamento civil.

 

Paralelo à vida politica, a Raimundinha, que o ator tinha dado férias, voltou e sua reestreia foi no Cine Teatro São Luís, em 2015. Paulo diz que foi emocionante sentir o quanto o personagem é querido e ainda faz as pessoas rirem. E, assim, Paulo Diógenes segue se dividindo entre ser pai, marido, humorista, vereador e um entrevistado que fez a repórter que escreve, se encantar com sua delicadeza e história de vida.

bottom of page