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Descartes Gadelha

Um profundo conhecedor das artes

Não é só a intuição que inspira o artista; a técnica e os estudos são complementares para a produção das suas obras

Texto/ vídeo/ fotos: Erikison Amaral - 8° semestre

Descartes Gadelha nasceu em Fortaleza, no dia 18 de junho de 1943. A infância alegre teve como cenário o Centro da cidade, em particular, as ruas Tristão Gonçalves com Castro e Silva. Filho de Diderot Serra Gadelha e Geórgia Marques Gadelha, Descartes começou a fazer sua arte muito cedo, entre nove e dez anos de idade e desde então nunca parou.

 

Hoje, aos 73 anos, é, literalmente, um profissional da arte. Ele faz pinturas, músicas, cenários para teatro, esculturas e também se dedica à cultura do Maracatu. Embora múltiplo, entende que dessa forma tem uma vida bastante cômoda. “Sou feliz porque sou artista”, reconhece.

 

Um artista que classifica os campos em que atua como a origem de um único gênero, a arte. E isso ele define como um conceito que envolve o sentimento. Diz que a estética é uma palavra que envolve o artista, pois quando a pessoa sente, está fazendo estética, quando não sente, ela não está fazendo.

 

É comum ouvirmos falar que cada artista busca inspiração em algo ou alguém. Descartes diz que tudo que existe para ele é uma fonte de inspiração, que o artista passa o tempo todo produzindo. Lembra, ainda, que, quando não está fazendo a parte física de uma obra de arte, esculpindo, por exemplo, está assimilando isso, está produzindo na própria mente: “Quando olho para alguém, já olho com minha visão estética. Existe um filtro para mim, como eu vejo as coisas, [...] Tudo que vejo, pode ser uma inspiração.”

 

Por mais que veja inspiração em quase tudo, explica que sempre estuda antes de colocar uma obra em prática. Primeiro analisa - “de que forma vou lidar com isso” -, depois estuda como tornar essa visão um objeto de arte.

 

Para se aperfeiçoar, Descartes fez diferentes cursos, desde desenhos à musica, para desta forma entender a parte técnica das coisas, como enquadramento de uma pessoa dentro do espaço da pintura, conhecimento de perspectiva sobre o objeto e de desenho, notas musicais, partituras e além de ler muito também: “[...] antes não, era intuição, impulso instintivo de produzir arte. Posteriormente, senti a necessidade de adquirir conhecimentos técnicos e de conhecimentos no campo da estética como filosofia. Foi necessário isso”.

 

Ele compara muito a vida artística com o amor. Para o artista, as pessoas vivem em um grande coração chamado humanidade. Explica que sua arte é feita com muito amor, envolvimento, emoção e paixão. Descartes se apaixona pela arte como uma pessoa se apaixona por outra. “Quando se apaixona, vai fundo mesmo, nem pensa, nem raciocina, enlouquece de paixão por uma pessoa, é a mesma coisa com a arte”.

 

Apesar de muitos anos produzindo obras de arte e de diversas exposições, individuais e coletivas, expostas ao longo dos anos, tanto no Brasil como fora dele, Descartes diz que nunca alcançou sua ‘maior vitória’. Considera a vitória como algo sem fim, pois quando alguém imagina que alcançou a vitória pensa logo que é algo pequeno, impulsionando a buscar alguma coisa maior ainda. “Todo dia, toda hora, todo minuto, eu busco pela vitória, pelo crescimento”.

 

Com a idade considerada ‘melhor idade’, ele tem alguns problemas de saúde, aos quais encara apenas como uma questão a ser resolvida e não um problema, pois isso já seria mais complicado. Classifica sua saúde em duas: a do corpo e a do espírito. Esta, ele considera excelente, mas a do corpo já não anda tão boa assim. “Levo dentro do possível a máquina um pouco emperrada, mas dá para funcionar até onde der, até o momento de trocar de máquina”, diz com sabedoria e humildade.

Reencarnação

Descartes Gadelha acredita em reencarnação. Deseja voltar à vida diversas vezes, pois ainda não solucionou o que deseja: “[...] a arte é muito grande para se resolver numa encarnação de 100 anos, porque talvez chegue aos 100 anos, não sei [...] Quero voltar na minha próxima encarnação também no mundo da arte.” Gostaria ainda de reencarnar pelo menos umas 500 vezes nas artes, mas que depois deseja, também, voltar no campo da medicina e no campo da comunicação. “Um dia quero ser um comunicador, mas daqui a uns 800 anos, talvez, e assim por diante, porque não existe o tempo. O tempo é só uma ficção”.

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